segunda-feira, 11 de abril de 2011

Retórica do amante romântico do séc. 21 (part.2)

Sentir-se amado
Não é condição de quem ama
É bônus, é agrado
Como fruto do esforço é a fama

Para o amante sensível amor se dá
Receber é algo incrível
Quase nunca possível
Melhor é não se concretizar.

domingo, 3 de abril de 2011

Retórica do amante romântico do séc. 21

Eu digo que és bonita. Mergulhas em teu individualismo. Se pudesse, seria bonita só para ti, mas, infelizmente, tua beleza não é interior. Não é interior? Então pelo que me apaixonei?
Acabei me perdendo na imagem que criei de ti. A idealização perfeita do que deveria ser o belo é a utopia do amante.
E você me decepcionando, fugindo do meu roteiro, não se movendo com graça, não debulhando a alma aos olhos, não exibindo teu tristonho e misterioso sorriso ao mundo. Mas sei que estas dentro de tua pessoa, e sempre estiveste. Cabe a ti resgatar a ti; resgate quem tu fostes em meus sonhos. Calo-me. Perdoe-me se feri tua perfeição.

sábado, 2 de abril de 2011

Crônica: Queria paixão, mas só tenho cidade.

Abro a janela do meu apartamento. Vejo todo aquele movimento, chega-me aos olhos como uniforme, exceto quando passam as máquinas. É uma massa viva de machos, fêmeas e motores que nunca se atrevem a parar; como se fossem o sangue do mundo. Entretanto fazem um som sem ritmo, não digno de um coração.
Fecho as janelas. Fecho as portas. Desço e ponho-me no centro do caos a observar mais precisamente aquela sístole que é o sinal vermelho e a diástole de cor verde. No rosto de cada pessoa uma expressão séria, rubra, um tanto quanto desesperada. Andam, caminham, correm, porém nada reparam. Uns não me notam, outros me atropelam alguns encobrem o descaso com a educação. Todos vêem, mas ninguém repara.
Passam diante de mim mundos e mundos, vários planetas, mas nenhum é atraído por minha órbita.
Mas, afinal, quem se deixa devanear por uma lembrança feliz trazida da memória? Quem, que por mim passou, exala a essência do ser?
São todos produtos, ninguém conteúdo. Quem sorri perde o emprego.
Pergunto-me, entristecido, consternado, abatido e desesperado: como nos apaixonaremos, se, tão pouco, vemos e não podemos reparar? Quem abrira mão de seu ego para resolver amar?
Faz-me chorar o fato de não ter respostas. Um dia, quando tu estiveres a caminhar, pare, olhe para o céu e depois pode continuar. É só para não esquecer como é ser gente.